30.03.1934
Deutsch
Porto Tibiriçá, 30 März 1934
Meine liebe, liebe Lotte!!!
Also da wäre ich jetzt in Porto Tibiriçá am
andern Ende von São Paulo. Und ich bin angenehm enttäuscht. Die Reise war an
und für sich ganz schön und ich habe wunderbare Landschaftsbilder von Brasilien
sehen können aber halt. Weisst Du, so aus all dem Elend heraus auf der Fahrt
ins Ungewisse nur mit der Hoffnung auf bessere Zeiten und dabei das Liebste,
das man hat zurücklassen müssen, das macht das Herz ein bisschen schwer. Als
wir in Porto Epitácio den Zug verliessen, da sank die Stimmung gar auf den
Gefrierpunkt, denn Porto Epitácio ist mit einem Wort ein Drecknest. Umso angenehmer war die Enttäuschung
als wir in Porto Tibiriçá ankamen. Es liegt von der Bahn noch 7 km weiter ab.
Ungefähr 100 blitzblanke Holzhäuschen Estilo Paraná, saubere Strassen, elektrisches
Licht, Wasserleitung. So liegt die Siedlung am Paraná. Der Strom zieht unten
vorbei in riesiger Breite nahezu 4 km, Die Stadt liegt ungefähr 12 m höher wie
das Ufer und man hat einen wunderbaren Ausblick auf Strom und Hafen. Es liegen
grade 5 schmucke Dampferchen da und Motorschiffe und Schlepper für die Balsa.
Der
Empfang war sehr nett. Es sind viele Deutsche da. Der derzeitige Leiter Graf
Christian von der Schulenburg hat uns fürs erste gleich einmal Ferien
dekretiert, denn die Feiertage muss man halten und so viel Einblick ich am ersten
Tag gewonnen habe, scheint das Leben hier ganz gemütlich zu sein. Das Geheimnis
der grossen Sauberkeit erklärt sich daraus, dass alles was da ist, der Companie
gehört. Die Strassen sind elektrisch beleuchtet, jeder Alleenbaum hat ein
weisses Schutzgitter, Zäune und Hecke alles schön in Ordnung.
Wir (ich
spreche dabei immer von meinem Reisegenossen Herrn Patzina, der ungefähr
dasselbe durchgemacht hat, wie ich, nur dass er dazu noch verheiratet ist. Frau
und Kinder liess er in São Paulo) also wir wurden so im Lauf des Tages mit den ansässigen
Leuten bekannt gemacht und auf einmal kommt einer rein und guckt und ich schau,
vermutlich auch nicht besonders geistreich. Und da gings los: „Mensch Lange,
wie kommst denn Du daher“ und was man bei solchen Gelegenheiten alles schwatzt.
Ein alter Bekannter aus Pension Henneberg. Brasilien ist eben doch klein. Na ja,
da haben wir ja schon Ausschluss. Wende, so heisst der Mann ist hier Techniker,
er ist mit seiner Frau hier. Auf heute Nachmittag bin ich zum Kaffee
eingeladen. Ich habe schon zweimal im Strom gebadet es ist einfach herrlich.
Wenn
Du diesen Brief bekommst ist Ostern schon vorbei, wie hast du das Fest verlebt.
Ich denke wohl, dass Du mit Fanny Wiese aus warst. Ich hoffe doch, dass es
schön war. Ich wünschte wohl, dass ich über die Feiertage bei dir hätte sein
können aber in der gedrückten Stimmung wäre ich doch kein guter Gesellschafter
gewesen, also besser so. Eines nur tut mir leid, dass die Entfernung nach S.P.
so gross ist, dass ich Dich öfters besuchen könnte. Jetzt bleiben wir getrennt
wer weiss wie lange. Aber ich vertraue einem gütigen Geschick. Was hat denn mein
ganzes Wollen und Arbeiten die zwei Jahre genützt? Und dann, wie fand ich die Stellung hier.
Persönlich habe ich das gelernt, dass unser Herrgott keinen mehr gehen lässt,
der sich selbst aufgibt und Sparen. Meine freie Zeit werde ich benutzen mein
Portugiesisch zu vervollkommnen und mein Englisch aufzufrischen und zu Malen.
Jetzt wirst Du von Zeit zu Zeit Bilder kriegen von mir, denn jetzt bin ich kein
gezwungener Maler mehr.
Wie
steht es bei euch im Hause? Ist der Friede wieder eingezogen? Ich hätte noch
eine ganze Menge zu schreiben, aber es ist Zeit auf die Post. Mein letzter
Begleiter in S.P. war Herr Neise, die treue Seele. Ihm würde ich von Herzen gönnen,
dass er bald erlöst würde von dem Übel. (Ich meine, dass er Stellung findet,
natürlich). Nächste Woche mehr. Ich werde jede Woche einmal schreiben, denn
hier habe ich auch Zeit dazu. Wenn es Dir möglich ist, verschaffe mir die
Adresse von H. Abrahan. Deine Schneiderin weiss sie. Für heute sei von Herzen
gegrüsst.
Dein Richard
Alle Rechte Vorbehalten
Nächster Brief am 07.04
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Português
Porto Tibiriçá, 30 de março de 1934
Minha
querida, querida Lotte!!!
Agora
estou em Porto Tibiriçá, do outro lado de São Paulo, e como já era de se
esperar, estou um pouco decepcionado. Eu fiz uma boa viagem e vi paisagens
maravilhosas do Brasil pelo caminho, mas espera... Sabe, viajar da miséria para
o desconhecido, somente com a esperança de tempos melhores e ainda por cima ter
que deixar para trás quem a gente mais ama, deixa o coração bastante apertado.
Quando descemos do trem em Porto Epitácio, o desânimo foi gigante, pois
o lugar é, descrevendo com uma palavra só, um chiqueiro. Tivemos a mesma decepção
quando chegamos em Porto Tibiriçá, pois a estação fica a uma distância de sete
quilômetros da colônia. Assim é a colônia às margens do Paraná. Com
aproximadamente cem casas de madeira novinhas “estilo Paraná“, ruas limpas, luz
elétrica e água encanada. A cidade fica a uma distância de doze metros acima da
margem do rio, que tem, neste ponto, aproximadamente quatro quilômetros de
largura e nos proporciona uma linda vista do porto. Agora estão atracados cinco
belos barquinhos a vapor, um barco principal e um rebocador para a balsa.
A recepção foi bem legal, tem muitos alemães por
aqui. O atual chefe, o Conde Christian von der Schulenburg, primeiro nos disse
para aproveitarmos o nosso dia livre para descansar, pois os feriados devem ser
respeitados. Pelo que vi logo no primeiro dia, a vida aqui parece que pode ser
bastante confortável. O segredo de toda a limpeza é que tudo aqui é propriedade
da Companhia. As ruas são iluminadas com luz elétrica, todas as árvores são
protegidas com cerca viva e as cercas vivas protegidas com uma cerquinha
branca. É tudo perfeitamente arrumado.
Quando falo nós, falo sempre de meu companheiro
de viagem, o Herr Patzina, que está passando praticamente pela mesma situação que eu,
mas com a diferença que é casado. Sua esposa e as crianças ficaram em São
Paulo. Fomos apresentados aos moradores locais conforme o dia se passava e, de repente,
chega um e olha para mim. Eu provavelmente não devia parecer muito animado. Aí
começa o papo: “Nossa, Lange, como você veio parar aqui?” Daquele jeito que se
faz quando se tem a oportunidade para puxar uma conversa. Era um antigo
conhecido da pensão Henneberg. O Brasil também pode ser bem pequeno, mas, neste
caso, nós já sabemos de onde vem a ligação. Ele se chama Wende, está
trabalhando aqui como técnico e veio com a esposa. Fui convidado para tomar um
café hoje à tarde. Já tomei banho de rio duas vezes e é maravilhoso.
Quando você receber esta carta, a Páscoa já vai
ter passado. Acho que você esteve com a Fanny Wiese e espero que tenha sido
gostoso. Eu queria ter passado o feriado com você, mas desanimado como eu
estava, talvez não tivesse sido uma boa companhia. É uma pena que aqui seja tão
longe de São Paulo e que eu não possa te visitar com mais frequência. Agora
vamos ficar separados sem saber por quanto tempo, mesmo assim, eu confio na
bondade do destino. O que será que as minhas escolhas e o trabalho vão trazer
nestes dois anos? E ainda, o que vou achar do meu cargo aqui? Pessoalmente, eu
aprendi que nosso Deus nos dá o fardo que podemos carregar. Decidi que vou
aperfeiçoar o meu português, o meu inglês e também pintar no meu tempo livre.
Você vai receber minhas pinturas de tempos em tempos, pois agora já não pinto
mais por obrigação, mas sim por prazer.
Como está tudo em casa? A paz voltou a reinar?
Eu ainda tenho muito para escrever, mas agora é hora de ir ao correio. Meu
último companheiro em São Paulo foi o Herr Neise, um bom homem. Vou torcer para
que ele saia logo dessa tortura (eu quis dizer tomara que ele arrume um
emprego). Na semana que vem conto mais. Vou escrever toda semana, já que aqui
terei tempo para isso. Se você puder, por favor, me arrume o endereço dos H.
Abrahan, a sua costureira os conhece. Por hoje, um grande beijo caloroso.
Do seu Richard
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