23.09.1935

 



Porto Tibiriçá, 23. September 1935

Mein liebes Mädchen!

Diesmal hat es lange gedauert, bis ich zum Schreiben kam, aber ich war wieder in Sape und habe darüber die Zeit zum Briefe versäumt. Es ereignet sich ja auch hier nichts Wesentliches, bleibt eben immer das Gleiche. Donna Hertha kam von S. Paulo zurück und hat mir als erstes zu erzählen gewusst, dass sie Deine Telefonnummer verloren hätte und Dich nicht anrufen konnte. Jetzt ist das Ehepaar Grzellak (Sprich Schellack) in Urlaub gefahren und nun will Frau Grzellak Dich telefonisch grüssen. Da bin ich nun wirklich neugierig, ob da was drauss wird.

Die Fahrten nach Matto Grosso sind sehr intressant, es gibt immer wieder neues und schönes zu sehen, aber bequem sind sie nicht.

Ich war jetzt in der Gegend schon dreimal und habe jedesmal eine hübsche Portion Sandflöhe[1] mitgebracht ohne die Carrapaten[2] und Burgerflöhe zu rechnen. An einem Tage habe ich in der Zeit von drei Stunden vier schöne Antas[3] gesehen, die kamen den Fluss herunter und gingen gegenüber Porto Sape an Land. Schiessen hatte aber auch keinen Zweck, da Schonzeit ist und man doch auch kein Muttertier totschiessen möchte.

Es beginnt hier jetzt Frühling, und die Fahrten durch den Camp[4] sind herrlich, überall frisches Grün und die weite Ebene ist durchsetzt mit kleinen Gehölzen die so sauber sind als hätten sie Pflege von Gärtners Hand. Blumen blühen und besonders leuchten die Ipê Bäumen[5] in einem strahlenden Gelb weit hinaus aus dem Graugrün der fernen Wälder. Die Luft ist auch wieder klarer geworden und an Stelle der geschlossenen Rauchmassen treten einzelne Brandwolken, die oft riesengross am Horizont stehen und der Landschaft eine ganz besondere Note geben. Alle möglichen Vögel, vom Strauss[6] und Siriema[7] bis zum Melro[8], dem kleinen Webervogel, der so schön singt und der so schöne luftige Nester baut, Rebhühner[9], Jagus[10], Sange de Boi[11] und so weiter und so weiter, alle laufen sie paarweise. Ja, ja, „die hams aber gut“[12]!

Auf der letzten Heimreise trafen wir ein Ehepaar Cachorro do Matto[13] an. Es war schon Dunkel und die beiden waren wohl auf der Suche nach einem Hochzeitsbraten, aber die wollten uns noch nicht einmal aus dem Wege gehen und bleiben ruhig sitzen als das Auto hielt und blitzten uns mit ihren grünen Lichtern an, die strahlten, wie Smaragde. Als wir sie dann vertrieben, schlichen sie ganz langsam fort. Man hat es ordentlich gemerkt, dass ihnen das gar nicht recht war.

Na, da könnte ich stundenlang erzählen. Aber hinter mir stehen schon wieder Leute, die alles Mögliche wollen, nicht einmal zum Schreiben hat man Ruhe. In S. Paulo hat es, wie man hört, schon fest geregnet. Bei uns ist eitel Sonnenschein, regnen tut es immer aussen herum.

Bist Du auch gesund bei der unfreundlichen Witterung? Mir fehlt nix weiter als Du. Jetzt kommt doch auch wieder, oder war eigentlich schon fällig, Dein Urlaub? Wie ist denn das?

Am 25. kommen Rieckmanns wieder von Europa zurück, da bin ich ordentlich neugierig, was da los war, denn ich glaube bestimmt, dass sie sich auch bei mir melden werden. Dass der alte Rieckmann gestorben ist, wirst Du ohne Zweifel erfahren haben. Ich glaube bestimmt, dass sie sich vielleicht zuerst nach Dir erkundigen werden. Wenn zunächst die leidigen Erbschaftsfragen erledigt sind, denn sie haben beide Deine Adresse und die Kiste, die ich ihnen schickte, können sie nicht einfach wegleugnen. Ich nehme an, dass das Encommenda[14] zu spät ankam und nun zu Hause bei ihnen liegt, weil im Geschäft niemand etwas davon gewusst hat.

Für heute Schluss. Grüsse alle, die mir lieb sind und vertröste etwaige Anwärter auf Briefe.

Meinem lieben Mädel einen festen Kuss vom

Richard 


[1] Ursprüngliche Parasiten aus Brasilien, Tunga penetrans

[2] Zecken, auf Portugiesisch „carrapato“.

[3] Tapirus sp.

[4] Feld

[6] Rhea americana

[10] Jacú: Penelope obscura

[11] Sangue-de-boi oder tiê-sangue: Ramphocelus bresilius

[12] Die haben es aber gut

[13] Wildhund: Cerdocyon thous

[14] Postpacket

Nächster Brief am 07.10

Alle Rechte vorbehalten

________

Porto Tibiriçá, 23.09.35

Minha querida menina!

Desta vez demorei um pouco para escrever, o motivo disso é que eu fui novamente para Sapé e me faltou tempo. Aqui continua a mesma coisa de sempre. Donna Hertha acabou de voltar de S. Paulo e me contou que perdeu o seu telefone, por isso não conseguiu te ligar. Recentemente o casal Grzellak (se pronuncia Schellack) entrou de férias, a Frau Grzellak disse que vai te ligar. Estou curioso para saber se vai mesmo.

As viagens ao Matto Grosso são sempre interessantes, embora não sejam muito confortáveis, mas sempre tem alguma coisa nova e é sempre tudo muito bonito. Eu já estive três vezes nessa região e em todas elas eu trouxe alguns bichos-de-pé[1] comigo, sem contar com os carrapatos[2] e pulgas. Em uma tarde, no intervalo de três horas, eu pude ver quatro antas[3] bem bonitas, elas vieram descendo o rio e atravessaram do outro lado do Porto Sapé por terra. Caçá-las não ia fazer sentido algum, já que estamos em época de defeso[12] e não queremos deixar nenhum filhote órfão.

Agora está começando a primavera por aqui e as viagens de carro pelos campos são maravilhosas, em todos os lugares o verde vai brotando fresquinho, as planícies estão cobertas por plantas que estão tão bonitas de se ver que até parece que foram cuidadas pelas mãos de um jardineiro. As flores estão se abrindo e especialmente as árvores de Ipê[4] iluminam tudo com o seu amarelo espalhado por todos os lados e lá, bem longe, podemos ver o verde acinzentado das matas mais distantes. O ar está novamente limpo e no lugar da nuvem de fumaça agora temos nuvens avermelhadas, que muitas vezes aparecem enormes no horizonte, dando para a paisagem um tom bem especial. Aqui temos todas as aves possíveis, desde emas[5], seriemas[6], perdizes[7], jacús[8], sangues-de-boi[9] e assim por diante. Tem também o melro[10], o pequeno pássaro tecelão que canta tão lindamente e constrói belos ninhos bem arejados. Todos andam em pares, eles sim que estão bem!!!!

Na última volta para casa, nós encontramos um casal de cachorros-do-mato[11]. Já estava escuro e os dois estavam provavelmente procurando uma ceia para caçar, mas eles não queriam sair do nosso caminho e ficaram lá, parados na estrada, até o carro parar, dar sinal com a luz e os olhos deles brilharem que nem esmeraldas. Quando a gente conseguiu que eles saíssem de lá, foram se mexendo bem devagarinho, dava para perceber que eles não estavam muito satisfeitos com aquilo.

Eu podia ficar aqui horas contando, mas já tem gente me procurando para tudo que se pode imaginar, por isso não consigo escrever em paz. Eu vi que em S. Paulo choveu bastante. Aqui o sol está brilhando e a chuva está apenas nos rodeando.

Você continua com saúde no meio desse mau tempo? Para mim, não falta mais nada além de você.

Você vai ter mesmo as suas férias ou foi descontado? Como é que é isso?

No dia 25 os Rieckman voltam da Europa e eu estou realmente curioso para saber o que está acontecendo por lá, eu acho que eles vão me procurar. Sem dúvida Você vai escutar que o velho Rieckman faleceu. Eu acho que assim que eles liquidarem os assuntos da herança vão entrar em contato com você. Os dois tem o seu endereço e não acho que vão jogar fora o pacote que eu mandei. Eu acho que a “encommenda" chegou muito tarde e agora está na casa deles, pois ninguém sabe do pacote no trabalho.

Por hoje me despeço por aqui.

Cumprimente todos que me são queridos e console os que esperam pelas minhas cartas.

Um beijo bem apertado, minha amada

Do seu Richard



[1] Tunga penetrans

[2] No original ele usou a palavra “Carrapaten” essa palavra nao existe em alemão

[3] Tapirus sp

[4] Handroanthus sp

[5] Rhea americana

[6] Cariama cristata

[7] Rhynchotus rufescens

[8] Penelope obscura

[9] Tiê-sangue: Ramphocelus bresilius

[10] Turdus merula

[11] Cerdocyon thous

[12] Época de interrompimento da caça para reprodução

 

 

 

Próxima carta em 07.10

Todos os direitos reservados 

Comentários

Instagram QR code and Linktre.e