03.05.1936



 

Tibiriçá, 3. Mai 1936

Du liebes Mädel!

Schon sitze ich eine halbe Stunde hier, um an Neise und Meyer zu schreiben, aber es will mir nicht recht von der Hand. Ich muss immer nur an Dich denken. Also schreib ich lieber Dir.

Jetzt ist es gerade eine Woche her, dass ich wieder zurück kam in den alten Geleise. Kann sich ein Mensch vorstellen, dass eine Woche so lang ist? Vielleicht hast Du die paar Zeilen vom Tag nach meiner Ankunft schon erhalten, wahrscheinlich aber nicht, bei den jetzigen Postverhältnissen. Wenn Du einmal einen Brief schnell und sicher an mich besorgen willst, gib ihn einfach auf der Matriz auf, die schickt ihn mit der Mala. Ich laufe hier rum und immer fehlt mir was, und wenn ich‘s genau betrachte, bist es nur Du. Ich habe jetzt Steine bestellt, wenn die kommen, wird das Häuschen fertig gemacht. Bis dahin ist dann der Dampfer fertig und es kommt dann eine ruhigere Zeit. Jetzt ist ein Mordsbetrieb hier. Patzina läuft auch rum, als wenn ihm die Hühner das Brot gestohlen hätten. Ach ja, wir kommen uns alle beide „recht verlassen“ vor. Warst Du am ersten Mai aus? Das muss eine große Sache gewesen sein in São Paulo. Wir beide, Patzina und ich, sind im Porto geblieben und haben gedacht, jeder an das seine.

Das Wetter ist gegen alle Regel recht unfreundlich, schwül und regnerisch und in der Nacht von gestern auf heute ein rasender Gewittersturm, a die tausend Ziegel sind davon geflogen, Bäume und Zäune mussten dran glauben. Unser Tischler Hubert lag unter seinem Bett aber nur mit dem Kopf, um ihn vor den Ziegeltrümmern zu schützen, weil das ganze Dach seiner Bude in Trümmer ging. Aber heute scheint wieder die Sonne und es ist schön und warm. Ich habe das erste Mal in diesem Jahr im Fluss zu baden versucht, aber das Wasser ist noch ziemlich schmutzig. Diesen merkwürdigen Willi Roman hab ich jetzt auch entdeckt. Der hat sich in Epitácio eine Galpão [1]gebaut, wo er sein Boot auf Kiel legen will, aber gesprochen hab ich noch nicht.

Gestern ging das Licht aus, noch infolge der Sturmschäden und ich musste aufhören. Dann musste ich wieder aufhören und heute ist schön übermorgen, also der 5te Mai. Nun geht der Brief am sechsten weg.

Deine beiden Felle wirst Du wahrscheinlich erst Mitte des nächsten Monats kriegen. Neise wird sie Dir bringen. Das eine Bild vom Rio Paraná hab ich auch bei Neise gelassen, aber nur zum Aufbewahren, es bleibt mein Eigentum. Wir haben hier eine Menge Leute aus São Paulo bekommen, die helfen sollen den Dampfer fertig zu machen. Darunter auch ein Blummtritt. Dessen Schwester ist oder war Kindermädel bei Dr. Hübe und da erzählte er sich so mit einem andern von Jardim América, von den Straßen und den Wächtern, ich habe beinahe ein bisserl Heimweh gekriegt. Ich sass nebenan beim Essen, da konnte ich alles schön mithören. Gegen Monatsende werde ich Dir 250$000 überwiesen lassen, damit die 4 voll werden.

Jetzt sollte ich nach Hause schreiben, an Pitschi, an Neise, an Meyer. Da fällt die Wahl schwer, ich glaube ich schreibe zuerst an Pitschi. Dann nach Hause und dann an die andern. Am 10. Juni hat die Mutter Geburtstag. An Deine Mutter muss ich auch schreiben. Wenn es nur schon die billigen Volksflugzeuge nun gäbe, ich würde lieber alles persönlich abmachen. Das wäre auch viel netter. Tja und so kann ich Dir leider nur einen papierenen Kuss schicken.

Dein Richard 

nächster Brief am 17.05


[1] Hoff

 ________________________________________________________________

Tibiriçá, 03 de maio de 1936

Querida Garota!

Eu estou sentado aqui faz uma meia hora para escrever para o Neise e para o Meyer, mas sem nenhuma inspiração. É porque você não sai da minha cabeça. Já que é assim, melhor escrever para você. Agora já faz uma semana que voltei para o meu antigo ritmo. Não dá nem para imaginar como uma semana pode ser tão longa. Pode ser que você já tenha recebido a carta que escrevi logo depois da minha partida, mas atualmente com a falta de eficiência do correio, provavelmente ainda não. Se quiser me enviar uma carta rapidamente e com segurança, entregue-a na matriz que eles enviam pela mala direta. Eu estou aqui entediado e sempre sentindo que está me faltando alguma coisa, quando eu penso no que pode ser concluo que é você. Eu acabei de pedir as pedras, assim que elas chegarem a casa vai acabar de ser construída. Até lá, o barco a vapor também estará terminado e virá um tempo de calmaria. Agora o trabalho está uma loucura. O Patzina também está andando pra cima e pra baixo como uma barata tonta. Pois é, nós dois estamos nos sentindo um pouco como se tivéssemos perdido o rumo. Você foi na comemoração de primeiro de maio? Em São Paulo isso deve ser um grande acontecimento. Nós, Patzina e eu, ficamos aqui em Porto, cada um de nós sonhando com seus entes queridos.

Diferente do que gostaríamos o tempo anda bem feio, chovendo e abafado. Essa noite teve uma tempestade muito forte e voaram milhares de tijolos. Árvores tombaram e cercas foram destruídas. O nosso marceneiro, Hubert, se escondeu embaixo da cama, mas apenas com a cabeça para dentro, para se proteger dos cacos de tijolos, já que o teto da casa dele caiu inteiro por causa da tempestade. Hoje o sol voltou a raiar e está quente e gostoso. Eu tentei tomar banho de rio pela primeira vez neste ano, mas ainda não dá, pois a água ainda está muito suja. Estou curioso com um tal de Willi Roman, senhor que descobri recentemente, mas ainda não falei com ele. Ele construiu um galpão para si em Porto Epitácio, onde quer construir uma quilha para o barco dele. 

Ontem a luz apagou por conta da tempestade e eu tive que interromper a carta. Depois, eu tive que interromper mais uma vez, de modo que hoje já é depois de amanhã, ou seja, dia 5 de maio. A carta vai ser postada no dia 6. Provavelmente você vai receber as duas peles no meio do mês que vem, o Neise vai levá-las para você. Aquela foto do rio Paraná eu deixei com o Neise também, mas somente para ele guardar para mim, ela ainda é minha propriedade. Chegou um grupo grande de gente de São Paulo que vai ajudar no acabamento do barco a vapor. Dentre eles, um Blummtritt, cuja irmã foi ou é baby-sitter na casa do Dr. Hübe, ele contou um pouco sobre o Jardim América e as ruas de lá com guardas de rua e eu senti um "bocadinho" de saudades de casa. Eu me sentei junto a eles na hora de comer e aí pude escutar toda a conversa. No final do mês vou te depositar R$ 250.000 para que os quatro fiquem completos. Agora tenho que escrever lá para casa, para o Pitschi, para o Neise e para o Meyer. Tá difícil de escolher mas acho que vou começar com o Pitschi, depois vou escrever para casa e somente então vou escrever aos outros. No dia 10 de junho é aniversário da minha mãe e eu preciso escrever para a sua mãe também. Se tivesse um voo a preços populares por R$250.000 eu preferiria fazer tudo isso pessoalmente. Seria bem mais simpático. Mas o que eu posso fazer?

Só mandar para você um beijo pelo papel

Do seu Richard

Próxima carta em 17.05

Comentários

Instagram QR code and Linktre.e